Quem diria que já se passaram 11 anos desde que A Sociedade do Anel estreou nos cinemas. A adaptação para os cinemas dessa magnífica obra de Tolkien sem dúvida foi um divisor de águas no cinema moderno, criando novos parâmetros para filmes épicos, aventura e efeitos visuais. Com toda essa importância, é lógico que o retorno da Terra Média às telonas com O Hobbit - Uma Jornada Inesperada, gerou uma enorme expectativa, mas nunca pensei que esse filme conseguiria alcançar o padrão de excelência de O Senhor dos Anéis. Os trailers por algum motivo me passavam a ideia de que seria uma produção com um tom mais infantil e argumento pouco convincente. Foi uma grande satisfação sair do cinema admirado com esse ótimo filme!
A produção técnica continua impecável... fotografia lindíssima, efeitos especiais incríveis, ótima trilha sonora (mesmo repetindo muitos temas de O Senhor dos Anéis), a equipe de Peter Jackson não perdeu o jeito! As mudanças feitas na história do livro deram mais emoção à trama, e a caracterização dos treze anões está perfeita, sem causar nenhuma estranheza à essa raça que na trilogia do Anel era representada só por Gimli. Thorin Escudo-de-Carvalho está excelente, fazendo um herói tão bom (melhor?) quanto Aragorn, mérito da ótima interpretação de Richard Armitage. Martin Freeman também está excelente como o jovem Bilbo Bolseiro, lembrando muito a atuação de Iam Holm, o "Bilbo velho". Também foi ótimo rever no cinema os personagens de Elrond, Galadriel, Frodo, Bilbo, Sméagol, Gandalf, Saruman... parecem todos velhos amigos que à muito tempo estavam desaparecidos. Ver Christopher Lee, no auge dos seus 90 anos, interpretando mais uma vez Saruman já vale o preço do ingresso!
Não pude conferir o filme rodando a 48 quadros por segundo, já que nenhum cinema aqui da região tem essa tecnologia, então assisti no 3D normal, sentindo a visão um pouco cansada no final das quase três horas de filme, mesmo tendo passado muito rápido. Pra quem ainda não sabe do que se trata essa tecnologia de 48 fps: o cinema sempre apresenta filmes rodados a 24 quadros por segundo, ou seja, a cada segundo passam na tela uma sucessão de 24 imagens, o que é suficiente para o nosso cérebro criar a ilusão de movimento. Quanto mais quadros por segundo, ou maior frame rate, mais realista se torna essa ilusão de movimento, chegando muito próxima da realidade em 48 quadros por segundo. A essa característica, junte também as câmeras de altíssima resolução usadas nas filmagens de O Hobbit e o resultado deve ter sido mesmo incrível...
Algumas cenas que me chamaram a atenção (se você ainda não assistiu e não quer saber nada sobre o que acontece, não leia!):
> O relato sobre o ataque do dragão Smaug à Erebor é simplesmente fantástico, mesmo não mostrando o dragão em nenhum momento!
> A cena em que aparecem os Gigantes de Pedra me pegou de surpresa, é a literatura fantástica transposta perfeitamente para o cinema...
> O momento em que Thorin revê o vilão Azog é épico, pena que ele nem teve chance na luta...
> As águias no final do filme dão uma sequência de imagens belíssimas, me lembrou do final de O Retorno do Rei!